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Como a Pandemia Está a Afetar a Indústria da Moda


A Moda é uma das maiores indústrias do mundo, gerando anualmente receitas de triliões de euros. Com a pandemia do covid19 faz parte dos setores mais afetados economicamente.

A par com outros setores da economia desde a restauração, o turismo, o comércio, a pandemia está a afetar o mundo da Moda, desde o comércio de lojas, dos designers às marcas.
A indústria, está nos dias de hoje, a tentar a adaptar-se a estes dias de disrupção no mercado económico, que começou logo por todas as estratégicas, planos e agendas para 2020 a serem confinados, tal como todos nós em nossas casas e a enfrentar uma crise sanitária global.
No entanto a indústria da Moda não pode parar, pois a deterioração deste setor teria um sério impacto na economia global, que implicaria em desemprego ou dificuldades financeiras para as milhões de pessoas em toda a cadeia de valor - desde as que colhem as fibras usadas para fabricar material têxtil, passando por designers, costureiras, e dos vendedores de lojas ao produto final de moda.

É no mundo em desenvolvimento, onde os sistemas de saúde geralmente são inadequados e a pobreza é abundante, que as pessoas serão mais atingidas. Para os trabalhadores em centros de fornecimento de baixo custo e fabricação de moda, como Bangladesh, India, Cambodja, Honduras e Etiópia, períodos prolongados de desemprego trarão grandes dificuldades (fome e deterioração da saúde pública).

Devido ao encerramento de lojas e à queda nas vendas, a Forbes, alega que as marcas de moda ocidentais cancelaram mais de 2,8 biliões de pedidos a fornecedores do Bangladesh, potencialmente provocando uma crise humanitária. Diz-se que pelo menos  1,2 milhão de trabalhadores em Bangladesh foram diretamente afetados pelo cancelamentos de pedidos e das milhares de fábricas e fornecedores que perderam os  seus contratos; 72, 4% disseram que não eram capazes de pagar os salários aos seus trabalhadores (com fábricas paradas e os trabalhadores em confinamento em casa) e 80,4% disseram que não podiam pagar indemnizações, quando os cancelamentos de pedidos, resultaram em demissões de trabalhadores.
Felizmente, os ativistas já pediram com sucesso às empresas - como a H&M, Marks & Spencer, Target e PVH Corp ( proprietária de Tommy Hilfiger e Calvin Klein) - que estendessem algum tipo de remuneração a esses seus fornecedores de Bangladesh, sendo que espera-se que mais empresas se juntem neste apoio.

E o cenário atual, com grande maioria das pessoas confinadas em casa em todo o mundo, a crise sanitária a ter impacto na situação económica das famílias, a insegurança que prevalece frente a uma vacina que demora a aparecer e nos impede de voltar "à normalidade" são fatores desfavoráveis para o setor da Moda que pode vir a sofrer uma potencial recessão...

Um bloqueio de dois a três meses, causará problemas a 80% das empresas de moda europeias e norte-americanas. Marcas e lojas não tiveram o tempo habitual para vender as coleções de Primavera/Verão, sem vendas e excesso de stock, vai significar prejuízos e poderá levar a fechamentos e falências.

Assim, no pós-crise a indústria da Moda poderá vir a enfrentar um mercado recessivo, com o setor ainda a passar por uma adaptação e transformação difícil, aliado a uma possível pausa contínua no consumo, por parte dos consumidores até à chegada da vacina contra o covid19.

Nestes tempos de crise, sobrepôs-se a necessidade, sobretudo dos designers e marcas de se adaptarem a estes tempos históricos, numa tentativa de minimizar os estragos. Um dos grandes recursos - e trunfos - vai para as marcas que têm presença virtual junto dos seus clientes. Aqueles que se adaptaram e acompanharam a evolução da era digital para estar ainda mais perto do seu cliente e com isso levarem as novidades até eles em tempo real. E a indústria da Moda, poderá vir a tornar-se mais digital...
As semanas de Moda estão sendo canceladas e "direccionadas" para plataformas digitais que irão transmitir os desfiles virtualmente. Marcas de Moda estão enviado as suas peças e acessórios para influencers, modelos e caras famosas - que devido ao isolamento social não podem estar presentes nas casas de moda -  para a criação de um vídeo para apresentação desses produtos online.
Uma outra mudança tem a ver com hábitos de consumo: o auto-isolamento forçou outra mudança de comportamento que provavelmente permanecerá assim que a poeira baixar: mais compras online.  Com o digital a desfrutar de mais um passo à frente. O comércio electrónico poderá ter um impulso, à medida que os consumidores permanecem hesitantes em frequentar espaços públicos.

Os especialistas também acreditam que a moda poderá estar a encaminhar-se para 4 mudanças positivas: criação de produtos intemporais, produtos mais sustentáveis, consumo mais consciente e declínio da comercialização de produtos em grande escala.

Embora a duração da pandemia permaneça incerta, a recuperação provavelmente será gradual. O sentimento do consumidor levou entre 6 meses a 2 anos para voltar ao normal após crises globais anteriores.


"The State Of Fashion" uma pesquisa - levada a cabo pela McKinsey & Company em parceria com o Business of Fashion - que teve como obetivo analisar os impactos da pandemia na indústria da moda, destaca para o seguinte:
  • No futuro, as empresas terão que revisar os seus modelos operacionais. Ao implementar intervenções de curto prazo - como cortar custos e produção, garantir liquidez e ajustar sortimentos de produtos, que têm sido a maior prioridade em reações urgentes à crise - as empresas agora precisam considerar ações para o período de recuperação e implementar a resiliência no seu planeamento.
  • Velocidade e adaptabilidade são essenciais para esta crise. Mas quando os primeiros sinais de normalidade começarem a surgir, as empresas devem dobrar as medidas de recuperação e resiliência, pois esse será o momento de transformação sem precedentes para a indústria da moda global. E só então, as empresas podem começar a decifrar como é o seu "novo normal".
  • Marcas que tenham propósitos mais sustentáveis poderão ter uma procura e maior empatia por parte dos clientes, alcançado grande sucesso. Já as empresas que usam descontos para atrair clientes e esvaziar grandes estoques, precisam de encontrar outras formas de conseguir a confiança e o entusiasmo dos consumidores sem ser apenas através dos descontos. 
  • As empresas precisam se adaptar ao futuro: à era do digital. A meio de uma pandemia algumas marcas se destacaram e mantiveram-se próximos dos seus clientes. Identificaram novas formas de trabalhar que se tornaram necessárias para navegar num cenário instável de quarentenas e distanciamento social rigorosamente impostos, obrigando marcas a acelerar estratégias que estavam em fase de teste há apenas alguns meses. E lucraram com isso, como por exemplo algumas marcas não registaram uma queda nas vendas tão abrupta! As plataformas tecnológicas especializadas em moda já experimentaram um aumento na procura quando o surto de covid19 estava ganhando velocidade. Isso sem mencionar o sucesso crescente de serviços digitais de uso mais amplo, como o Zoom, e o Slack que duplicou o número de usuários diários desde que o surto começou. Muitas marcas implementaram algumas tecnologias (que demoravam a se estabelecer), como desfiles virtuais, showrooms digitais, webinars, livestreams, e as mais recentes ferramentas de design 3D agora estão sendo utilizadas para fazer negócios.

A indústria da Moda poderá mudar completamente o seu percurso que seguiu até aqui!



























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